O que a Virgínia nos ensina sobre posicionamento? Muito mais do que parece.

O silêncio estratégico de Virgínia na CPI das bets provocou reações — mas revelou mais do que aparenta. Um texto sobre imagem, influência, responsabilidade e o que comunicamos mesmo quando escolhemos não falar.

BASTIDORES, POSICIONAMENTO E AUTORIDADEJORNADA EMPRENDEDORA

Caroline Nascimento

5/15/20252 min read

CPI das BETS (CPIBETS) realiza reunião para ouvir depoimento de testemunhas.
CPI das BETS (CPIBETS) realiza reunião para ouvir depoimento de testemunhas.

Na CPI das apostas, sua imagem firme dividiu opiniões. Mas sua postura diante de algo tão sério — como o incentivo a uma prática que prejudica milhares de pessoas — revela mais do que técnica: mostra os limites da influência e os efeitos do silêncio estratégico.

Não é sobre a CPI. Nem sobre as apostas. É sobre o que a presença (ou ausência dela) comunica.

A Virgínia sentou diante de uma comissão parlamentar de inquérito sem se desestabilizar. Respondeu pouco. Disse o mínimo. Foi firme, centrada, imperturbável. E isso chamou mais atenção do que qualquer fala sua.

No fim das contas, ninguém lembra das respostas da CPI — mas todo mundo lembra da postura dela. Isso já diz muito.

Mas o que essa imagem nos ensina?

Que postura é estratégia. Que silêncio é ferramenta. E que posicionamento não é só o que se fala, mas principalmente o que se sustenta — mesmo sob pressão.

Por outro lado, o caso também nos faz refletir sobre responsabilidade. Até que ponto uma pessoa, sabidamente influente, pode se esquivar da influência que exerce? Até onde vai o limite entre o que é legal e o que é ético? Quando uma figura pública promove ou participa de algo que potencialmente manipula, vicia ou prejudica, ela pode simplesmente dizer que não é com ela?

A discussão é válida — e urgente.

Porque enquanto a CPI questiona o funcionamento das bets, a sociedade deveria questionar o papel da influência. Milhares de jovens, famílias e pessoas em situação vulnerável têm sido impactadas por essas plataformas. E quando o incentivo vem embalado em um rosto popular, uma estética leve e um conteúdo divertido, o poder de persuasão é altíssimo. Silenciar sobre isso, também é uma escolha. Uma escolha que comunica.

Para quem empreende, presta serviços, atua publicamente ou lidera pessoas, esse caso é uma aula sobre imagem, impacto e percepção.

Como você se comporta quando a situação exige firmeza? Como você responde quando há risco envolvido? O que você comunica — mesmo quando não diz nada?

No jurídico, isso também se aplica: a forma como você se porta, a clareza das suas decisões, a forma como se blinda ou se expõe. Tudo gera efeito. Tudo constrói (ou destrói) autoridade.

Virgínia mostrou domínio da própria imagem. Mas será que ela demonstrou responsabilidade sobre o impacto que exerce?

A resposta talvez não esteja no que ela disse. Mas no que ela escolheu não dizer.

Postura é estratégia. Silêncio é ferramenta. Mas responsabilidade é o que sustenta a confiança.

Com carinho, Carol ✨

Advogada | Escritório Jurídico CNAJ

Foto: Andressa Anholete/Agência Senado